quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Aposentar-se aos 65 anos, impossível para milhões de latino-americanos


Baixos valores pagos pela previdência e o aumento da expectativa de vida impõem desafio

ROBERT VALLS Buenos Aires - 7 FEB 2015

          É uma segunda-feira quente de verão em Buenos Aires. Julio entra em seu táxi às 6 da manhã em busca dos primeiros clientes do dia. Tem pela frente uma dura jornada em uma cidade deserta pelo êxodo das férias.
          Aos 68 anos ele recebe uma aposentadoria do Estado, mas o sonhado desejo de deixar de trabalhar continua distante. Pelo contrário, tem de trabalhar de cinco a seis horas por dia para ter o suficiente para viver.
¨          Durante meus anos de trabalho fiz poucas contribuições para a aposentadoria. Por isso tenho de trabalhar, para me manter”, diz ao volante.
Seu caso não é uma exceção na América Latina, pois, apesar dos significativos avanços nos sistemas de aposentadoria durante a última década, a maioria dos idosos tem de continuar trabalhando depois da idade média de aposentar-se.
          ¨Depende muito de quanto economizaram. Se antes as pessoas viviam até os 70 e se aposentavam aos 58 anos, tinham 12 anos de aposentadoria. Hoje em dia a esperança de vida é mais alta e, se vivem até os 80, precisam trabalhar mais”, explica Michele Gragnolati, especialista do Banco Mundial em desenvolvimento humano.
          A realidade latino-americana mostra que as aposentadorias são tão baixas que bem poucos afortunados podem permitir-se não trabalhar depois dos 65 anos. Estas são as aposentadorias pagas em alguns países da região:

Argentina: mínimo de 3.821 pesos argentinos (1200 reais)
México: mínimo de aproximadamente 1.600 pesos mexicanos (300 reais)
Brasil: mínimo de 772 reais
Colômbia: mínimo de 644.350 pesos colombianos (730 reais)
Peru: mínimo de 415 novos sóis (370 reais)

          Apesar dos baixos valores, a América Latina conseguiu oferecer cobertura a mais da metade dos idosos – cerca de 30 milhões de pessoas. E fez isso por meio de três estratégias diferentes: dando benefícios a todos os idosos (na Bolívia e em Trinidad e Tobago); incluindo os excluídos (na Argentina, Brasil, Chile, Panamá e Uruguai); e se concentrando nos mais vulneráveis (na Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, México, Paraguai e Peru).

O benefício de trabalhar mais anos

         Ao contrário do que se poderia pensar, o prolongamento da vida laboral não é necessariamente negativo; se chegam à velhice com boa saúde física e mental, os idosos vão continuar sendo produtivos e, em alguns casos, o trabalho pode resultar em uma fonte de gratificação nessa nova etapa caracterizada pela abundância de tempo de lazer.
Paralelamente, o trabalho dos idosos tem também impacto direto nos sistemas de aposentadorias. Na média, quase a metade dos trabalhadores não contribui para os sistemas de previdência social.
Nesse sentido, se os cidadãos trabalhem, por um lado, continuam financiando o sistema de saúde, por outro, usam a aposentadoria durante menos tempo, o que ajuda no equilíbrio dos sistemas de previdência social.
          A política ideal seria ter uma cobertura que garantisse um benefício mínimo para ajudar nas necessidades básicas e um sistema de emprego capaz de continuar oferecendo oportunidades de trabalho dignas para os que agora se aposentam”, opina Gragnolati.
          Segundo Gragnolati., um cenário razoável seria uma estrutura horária decrescente, ou seja, uma saída gradual do mercado de trabalho, reduzindo paulatinamente o número de horas de trabalho.
A lógica é simples: os idosos contribuiriam mais e consumiriam menos aposentadorias. Na atualidade, os trabalhadores na ativa contribuem para financiar a renda dos aposentados, mas o prolongamento da vida laboral faria com que parte de suas contribuições fossem destinadas à própria aposentadoria.

Uma oportunidade inigualável

          Para 2050, a população com mais de 65 anos triplicará. Essa mudança demográfica causará impacto na produtividade dos países e, paralelamente, será mais difícil satisfazer a crescente demanda de serviços públicos, como os de saúde ou aposentadoria, especialmente em sociedades de renda baixa e média, como as latino-americanas.
         A boa notícia é que atualmente 65% da população latino-americana está em idade de trabalhar, fato que representa uma vantagem demográfica por oferecer as ferramentas para um aumento da produtividade. Esse porcentual, afirmam os especialistas, continuará subindo nos próximos anos.
Essa situação de suposta produtividade em alta oferece aos países da região uma oportunidade inigualável para economizar, investir no capital humano e físico e garantir a acumulação de capital.
         Esses esforços, avaliam os especialistas, serão vitais para que no futuro, quando diminua a proporção de pessoas em idade de trabalhar e aumente o porcentual de idosos, possam ser oferecidos serviços públicos de qualidade.


* Robert Valls é produtor online do Banco Mundial

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Alocação de Ativos


         A alocação de ativos refere-se à proporção de diferentes classes de ativos que compõem o patrimônio. O objetivo é o equilíbrio entre o risco e retorno. O ditado, "não colocar todos os ovos na mesma cesta" é geralmente usado para explicar esta estratégia.
         Determinar a alocação de ativos "certa" para metas de longo prazo (definidas com pelo menos 15 anos) como aposentadoria é uma tarefa difícil, se estamos procurando um método para fazê-lo. É difícil, se não impossível encontrar a “ alocação de ativos ideal ”.
        Idealmente, deve-se escolher os bens que são pouco correlacionados entre si ou seja, como um ativo se comporta em relação a outro. Nesse caso, é mais fácil de usar análise de carteira para determinar uma boa alocação de ativos.
         Ações, renda fixa e de imóveis formam uma combinação padrão que pode ser usado para alocação de ativos.
        Então quando se trata de alocar recursos, uma grande quantidade de pessoas tentam chamar a nossa atenção para produtos. São analistas de mídia, gestores de ativos, corretores, gerentes de banco entre outros. Revistas e sites buscam a nossa atenção para ouvir as últimas notícias e pontos de vista.
        A maioria das pessoas que tem investimentos fica preocupada com os meandros do mercado no dia a dia e aqueles mais obcecados com o barulho do dia a dia do mercado e comentários são mais propensos a sentir a necessidade de fazer alguma coisa - o que geralmente significa mudar constantemente a alocação de ativos.
        Trocas de posição em demasia aumentam as despesas como taxas e impostos reduzindo os retornos.
        A alocação de ativos pode ficar prejudicada se o investidor reagir a alguma notícia ou comentário como "não é bom possuir títulos do governo agora" ou afirmando que "Esta é uma grande oportunidade única para investir no ativo X "

Aspectos simples mas eficientes para uma alocação de ativos

       Uma das preocupações que surgem quando da alocação dos ativos na fase de acumulação de um patrimônio é a diversificação mas, como obter os benefícios da diversificação? Alguns passos simples são de grande utilidade:

a) Não existe um número correto de ativos que você deve investir, porém eles não devem passar de meia dúzia, sob o risco de haver sobreposição que em caso contrário poderia levar a obter taxas mais atrativas.
b) Não tenha investimentos que você não entenda. Se você não compreende o funcionamento dele você não sabe se ele atende o seu perfil.
c) Você pode explicar exatamente por que você comprou cada investimento você possui? Se foi mencionado em uma propaganda ou apareceu na lista de algumas recomendações populares não é uma resposta aceitável. Além de saber como funciona um investimento, você precisa entender qual é o papel específico que desempenha na sua carteira e como, precisamente, melhora o desempenho do seu portfólio. Idealmente, você também deve ser capaz de quantificar o benefício que você recebe de possuí-lo, como ele melhora o equilíbrio entre risco e retorno.
d) Como investimentos diferentes possuem retornos diferentes, é necessário monitorar e reequilibrar periodicamente a sua carteira para restaurar as proporções planejadas.


O equilíbrio na alocação de ativos para a aposentadoria

      A alocação de ativos ideal visando a aposentadoria é um objetivo importante na acumulação de capital para a aposentadoria. É uma arte e uma ciência, pois a atribuição para os investimentos está dentro de um amplo espectro entre risco e retorno submetida ao perfil da pessoa, fases da vida e o estilo de vida desejado no futuro.
        Outra questão a ser considerada é o deslocamento dentro do espectro quando se começa retiradas do patrimônio com o passar dos anos. Por exemplo uma alocação de ativos em 50% de renda fixa e 50% em renda variável poderá ser adequada aos 60 anos mas inadequada aos 70 anos.
Investir é tentar encontrar a melhor relação entre entre risco e retorno. Um retorno mais alto em relação a determinado investimento infere maior risco. As pessoas que estão acumulando patrimônio para a aposentadoria tendem a fazer alocações em ativos mais arriscados para colher maiores retornos esperados. A maioria dos questionários que visam definir o perfil do investidor são projetados para esta finalidade, ou seja para encontrar um nível máximo de risco que a pessoa pode tolerar. O resultado é então usado para determinar uma alocação de ativos que está no nível máximo de risco.
        Para aposentados ou quem está quase aposentado não há nenhuma razão econômica para assumir mais risco em investimentos do que o necessário uma vez que já acumulou patrimônio suficiente para a aposentadoria. O foco deve ser sobre o valor do risco mínimo necessário para gerar uma renda exigida na aposentadoria e tentar conservar o patrimônio através de retiradas sustentáveis.